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Nessa quarta-feira (08/05), a partir das 19h, acontece o primeiro encontro do Grupo de Estudos Leituras Decoloniais, aqui no Lab Procomum (Rua Sete de Setembro, n 52 – Vila Nova, Santos). Em seu primeiro ciclo, o Grupo de Estudos dedica-se à leitura partilhada e à discussão franca da importante obra da filosofia africana contemporânea “Crítica da Razão Negra” (2013) de Achille Mbembe. Serão encontros quinzenais abertos a interessados e interessadas de qualquer perfil.

Essa é uma iniciativa da parceria entre o Instituto Procomum, o Arcotirenes – GT de Memória e Negritude e a Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP) – campus da Baixada Santista. Mais informações: https://www.facebook.com/events/573571479796443/

“Numa primeira instância, a razão negra consiste num conjunto de vozes, enunciados e discursos, saberes, comentários e disparates, cujo objeto é a coisa ou as pessoas ‘de origem africana’ e aquilo que afirmamos ser o seu nome e a sua verdade, um sistema de narrativas e de discursos pretensamente conhecedores. É também um reservatório no qual a aritmética da dominação de raça vai buscar os seus álibis. Neste contexto, a razão negra designa tanto um conjunto de discursos como de práticas – um trabalho quotidiano que consistiu em inventar, contar, repetir e por em circulação fórmulas, textos, rituais, com o objetivo de fazer acontecer o Negro enquanto sujeito de raça e exterioridade selvagem, passível, a tal respeito, de desqualificação moral e de instrumentalização prática. A este texto primeiro – na verdade, uma constelação que não parou de se modificar com o tempo e que foi ganhando formas múltiplas, contraditórias e divergentes – responde um segundo, simultaneamente gesto de autodeterminação, modo de presença em si, olhar interior e utopia crítica. Se a consciência ocidental do Negro é um julgamento de identidade, este texto segundo será, pelo contrário, uma declaração de identidade. Através dele o Negro diz de si mesmo que é aquilo que não foi apreendido; aquele que não está onde se diz estar, e muito menos onde o procuramos.”
Versão adaptada livremente das palavras que Achille Mbembe apresenta no primeiro capítulo de seu livro Crítica da Razão Negra (2013), o trecho acima nos convida a pensar sobre as guerras que se travaram e travam no entorno de definições como a de raça, Negro e África ao longo dos séculos que acompanham trabalho de colonização. Acercar-se da construção destes discursos que justificaram a animalização do corpo negro, bem como acercar-se dos contradiscursos que incidem nesta guerra como forças de libertação, isso é trabalho importante e fundamental num mundo onde a violência do corte racial já basta e precisamos onde precisamos antever e construir outra coisa. Acotirenes – GT Memória e Negritude, Instituto Procomum e Unifesp convidam interessados e interessadas a participar da primeira edição do Grupo de Estudos: Leituras Decoloniais, espaço comum de encontro e reflexão que busca reverter justificativas históricas impróprias e fortalecer um repertório de resistência. Em seu primeiro ciclo, o Grupo de Estudos dedica-se à leitura partilhada e à discussão franca desta importante obra da filosofia africana contemporânea. Serão encontros quinzenais abertos a interessados e interessadas de qualquer perfil.

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